Afro-descendentes
O Brasil tem a maior população de origem africana do mundo. Segundo o IBGE, os auto-declarados negros representam 6,3% e os pardos 43,2% da população brasileira, ou seja, oitenta milhões de brasileiros. A maior concentração de afro-brasileiros dá-se no estado da Bahia, onde 80% da população é de ascendência africana.História
O Brasil recebeu 37% de todos os escravos africanos que foram trazidos para as Américas, totalizando mais de três milhões de pessoas. O tráfico de negros da África começou por volta de 1550.
Durante o período colonial, a escravidão era a base da economia do Brasil, principalmente na exploração de minas de ouro e cana-de-açúcar. A escravidão foi abolida gradualmente no decorrer do século XIX, sobretudo por pressão da Inglaterra. Embora desde 1850 o tráfico de escravos fosse proibido no Brasil, através da lei Eusébio de Queirós, só em 1888 a escravidão foi definitivamente abolida, através da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel.
Demografia
Os negros e mulatos, durante séculos, formaram a maioria da população. O crescimento da entrada de escravos africanos a partir do século XVI, o extermínio dos indígenas e a relativa pouca imigração de colonos portugueses contribuíram para o surgimento de uma maioria de afro-descendentes no Brasil.
Atualmente os afro-descendentes são cerca de oitenta milhões (44,7% da população brasileira), se considerar-se todos os pardos como afro-descendentes.
Distribuição geográfica
Desde os tempos coloniais houve uma divisão irregular da população afro-descendente no Brasil: lugares como o Nordeste tinham uma grande população africana, enquanto lugares como o Sul tinham populações menores. Atualmente, essas diferenças regionais continuam evidentes, porém, pode-se encontrar populações negras em todas as regiões brasileiras.
Os estados do Norte e Nordeste abrigam a maior concentração de pessoas que se declaram pardas. Todavia, é evidente que, no caso do Norte, a maior parte dessas pessoas são de origem indígena e, no caso do Nordeste, predominam os afro-descendentes. Os estados com maior população afro-descendente são a Bahia, com 13% de pretos e 60,1% de pardos, o Maranhão com 9,6% de pretos e 62,3% de pardos e Alagoas com 5% de pretos e 59,5% de pardos.
Depois do Nordeste, a Região Sudeste tem o maior número de afro-descendentes, seguida pelo Centro-Oeste. A Região Sul tem os menores índices de afro-descendentes, sendo o estado de Santa Catarina com a menor porcentagem, apenas 8,5% de pessoas que se declararam negra/parda.
Miscigenação
Durante os séculos XVII e XVIII, os negros eram a maioria da população brasileira - em 1800, os negros eram 47% da população, contra 30% de mulatos e 23% de brancos. Essa situação se inverteu no século XIX — em 1880, os negros estavam reduzidos a 20% da população, contra 42% de mulatos e 38% de brancos. Um dos fatores mais importantes para a diminuição da população negra no Brasil foi a miscigenação.A miscigenação entre brancos e negros no Brasil ocorreu desde o início do tráfico negreiro. A reduzida população de mulheres brancas acabou por acarretar em um grande número de relacionamentos entre portugueses e africanas. Esse fenômeno não foi exclusivo da América Portuguesa, tendo ocorrido em toda a América Latina e América do Norte. A partir do século XIX, também tornaram-se mais comuns relacionamentos entre mulheres brancas e homens negros.
Alguns mulatos eram alforriados e, em grupos mais restritos, educados, todavia, a maior parte continuava a ser escravo. Também houve a miscigenação entre os africanos e os indígenas brasileiros, dois quais descendentes são denominados cafuzos.
Pesquisas genéticas em afro-brasileiros
Uma recente pesquisa genética, encomendada pela BBC Brasil, analisou a ancestralidade de afro-brasileiros. A pesquisa contou com a participação de 120 brasileiros auto-declarados negros de São Paulo.
Para tal, foram analisados o cromossomo Y, herdado do pai, e o DNA mitocondrial, herdado da mãe. Ambos são passados de geração em geração e, por não se misturarem com outros materiais genéticos, permanecem intactos, salvo raras exceções de mutação. Analisando-os, pode-se encontrar a informação de que parte do mundo um ancestral relativamente próximo de uma pessoa veio.
Concluiu-se que, do lado paterno, metade (50%) dos negros brasileiros analisados têm um antepassado que veio da Europa, 48% que veio da África e 1,6% que era indígena. Do lado materno, 85% têm uma antepassada africana, 12,5% índia e apenas 2,5% européia.
A explicação para uma maior ancestralidade européia no lado paterno de negros brasileiros e uma maior ancestralidade africana do lado materno se deve ao fato de que, por muito tempo na História do Brasil, havia mais homens brancos que mulheres brancas. Por esse fator, as relações inter-raciais entre homens europeus e mulheres africanas ou indígenas eram bastante comum.
Pesquisa genética em negros brasileiros famosos
A pesquisa genética, efetuada à pedido da BBC, também analisou a ancestralidade de afro-brasileiros famosos. Novamente, surpreendeu, ao mostrar que pessoas auto-classificadas e consideradas negras perante à sociedade, apresentam alto grau de ancestralidade européia.
A ginasta Daiane dos Santos descobriu que é mais européia que africana: a atleta gaúcha tem 39,7% de ancestralidade africana, 40,8% européia e 19,6% ameríndia.O sambista Neguinho da Beija-Flor, cuja aparência é bastante africana é, majoritariamente, de origem européia: 67% de seus genes vieram da Europa e apenas 32% vieram da África.A atriz Ildi Silva, que se considera negra ou mulata é, predominantemente, branca: 71,3% de genes europeus, 9,3% indígenas e apenas 19,5% africanos. Os olhos verdes da atriz foram herdados de antepassados holandeses.A mais africana do grupo de celebridades analisadas foi a cantora Sandra de Sá, cuja ascendência é 96,7% negra. O mais africano foi Milton Nascimento, com 99,3% de genes subsaarianos.
Quantos brasileiros são descendentes de africanos?
A partir de estudos genéticos, 45% ou 77 milhões de brasileiros possuem 90% ou mais de genes africanos subsaarianos. Mais de 75% dos brancos do Norte, Nordeste ou Sudeste apresentam ancestralidade africana superior a 10%. Mesmo no Sul, com seu marcante histórico de imigração européia, este valor é na ordem de 49%. Em comparação, nos Estados Unidos apenas 11% dos brancos apresentam mais de 10% de genes africanos.
Máscara de madeira: exemplo de cultura africana
A África caracteriza-se pela diversidade cultural. A História desse continente é rica e esta intimamente ligada à História do Brasil. Os africanos, trazidos para nosso país como escravos, entre os séculos XVI e XIX, enriqueceram a cultura brasileira com seus costumes, rituais religiosos, culinária, danças e muito mais. Somente no século XIX, com o movimento abolicionista, os negros ganharam a liberdade com a assinatura da Lei Áurea (1888).
Mas temos muito para conhecer da cultura e de líderes negros como Zumbi, que lutou por um ideal digno de uma vida melhor para seu povo.
Importante também é resgatar a história e a cultura dos povos que habitaram o continente africano. A vida em sociedade, os rituais religiosos, as máscaras, organização social e a rica mitologia africana.
Religião
Embora a maioria dos escravos trazidos da África tenha sido convertida ao Catolicismo, algumas religiões de origem africana conseguiram sobreviver, seja através de prática secreta como é o caso do Candomblé, do Batuque e outros, ou através do sincretismo religioso (Umbanda, por exemplo). A prática do sincretismo foi conveniente, particularmente pelo fa(c)to de que os escravos ganharam o direito a reunir-se em irmandades.
Além da participação nas irmandades, o sincretismo manifestou-se igualmente pela tradição de batizar os filhos e casar-se na Igreja Católica.
Segundo o IBGE, 0,3% dos brasileiros declaram seguir religiões de origem africana, embora um número maior de pessoas sigam essas religiões de forma reservada.
Lista de religiões afro-brasileiras
- Batuque
- Macumba
- Quimbanda
- Xambá
- Culto aos Egungun
- Culto de Ifá
- Irmandade
- Confraria
- Sincretismo
- Xangô do Nordeste
- Tambor-de-Mina
- Umbanda
Cozinha
A cozinha brasileira deriva em grande parte da cozinha africana, mesclada com elementos da cozinha indígena e portuguesa. Na Bahia, principalmente, pratos como vatapá e moqueca são típicos da culinária afro-brasileira.
A feijoada é o prato nacional do Brasil. É basicamente a mistura de feijões pretos, carne de porco e farofa. Começou como um prato português que os escravos negros modificaram
Capoeira
Capoeira é uma arte marcial desenvolvida inicialmente por escravos negros no Brasil, a partir do período colonial. A capoeira é marcada por movimentos que enganam o oponente, geralmente feitos no solo ou completamente invertidos. Ela também tem um forte componente acrobático em algumas versões e é sempre praticada com música.
Recentemente, a capoeira tem sido bastante popularizada, sendo até o principal tema de vários jogos de computador e filmes, e é freqüentemente mencionada na música popular brasileira.
Música
A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura da música portuguesa, indígena e africana, produzindo uma grande variedade de estilos.
A música brasileira foi fortemente influenciada pelos ritmos africanos, como é o caso do samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada e o maxixe. Embora se tenha mantido por muitos anos na marginalidade, a música afro-brasileira ganhou notoriedade em meados do século XX, até se tornar o estilo musical mais difundido no Brasil.
http://www.tg3.com.br/africa/historia_africana.htm
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